quinta-feira, 12 de junho de 2025

Marina Silva diz que postura de Trump sobre o clima desestimula empresas

Ministra criticou os EUA e elogiou a China durante uma palestra em São Paulo

Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte: cnnbrasil.com.br 
Em: 25/04/2025

Marina critica Trump e defende o meio ambiente
Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Faltando pouco mais de seis meses para a COP30, que será realizada no Brasil, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez duras críticas à postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação às mudanças climáticas.

A declaração foi feita nesta quinta-feira (24), durante uma palestra na faculdade FIA Business School, na zona oeste de São Paulo.

“Agora é a vez do teste: Quem tinha compromisso de fato com o meio ambiente e quem agora vai arrefecer?”, questionou Marina. Segundo ela, o posicionamento da maior potência ocidental representa uma ameaça real aos esforços globais para conter o aquecimento da Terra.

“É como se fosse o nosso próprio sistema imunológico atacando o nosso próprio organismo”, afirmou.

A ministra lamentou o impacto que esse retrocesso pode ter sobre empresas e governos que vinham assumindo compromissos com a transição ecológica. “A posição americana desestimula as empresas que estavam mais engajadas. Agora, todos os países terão que trabalhar dobrado para dar conta do recado”, disse.

Diante do que chamou de negacionismo climático de Trump, Marina fez um apelo à população dos Estados Unidos. “Não podemos simplesmente assistir enquanto uma potência não faz o dever de casa. Os primeiros a reagir devem ser os cidadãos e os empresários americanos."

A ministra também ressaltou o contraste entre os EUA e a China no cenário internacional. Segundo ela, o país asiático tem demonstrado um protagonismo crescente na agenda ambiental, sendo hoje um dos principais provedores de tecnologias para a transformação ecológica global.

“A China faz mais do que fala”, afirmou, citando também os US$ 24 bilhões em financiamento climático externo e a recuperação de 70 milhões de hectares de florestas como exemplos concretos de avanço.

Ainda durante a palestra, Marina chamou atenção para os desafios enfrentados pela União Europeia, que vive um momento de instabilidade política e econômica, com o avanço de discursos negacionistas em alguns países.

“O Brasil tem uma posição privilegiada. É uma liderança ambiental respeitada no mundo todo, e o presidente Lula tem conseguido dialogar com diferentes blocos”, disse ela, reforçando o papel do país na construção de pontes diplomáticas e no fortalecimento do multilateralismo climático.

Saída do Acordo de Paris

Pouco depois de tomar posse, em janeiro deste ano ano, o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou um decreto para retirar os EUA do Acordo Climático de Paris.

É a segunda vez que o republicano toma essa decisão. Em 2017, durante seu primeiro mandato, Trump rompeu com o acordo sob a alegação que o documento “traz desvantagens para os EUA para beneficiar outros países".

O tratado internacional sobre mudanças climáticas foi firmado por mais de 190 países em 2015, e prevê um esforço mundial para limitar o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius, mas de preferência a 1,5 grau.

A resolução, no entanto, não é vinculativa. Os países não são obrigados a reduzir sua poluição climática e têm a liberdade de escolher suas próprias metas e métodos para alcançá-las.

Brasil reduz queimada em 70% no 1º trimestre de 2025, diz estudo

 A plataforma Monitor do Fogo, que fornece dados sobre queimadas no país, aponta queda histórica em março, com avanço de incêndios no Cerrado 

Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte: cnnbrasil.com.br 
Em: 16/04/2025 

O Brasil teve uma queda expressiva na área atingida por queimadas nos três primeiros meses de 2025. Segundo dados do Monitor do Fogo, plataforma do MapBiomas, o país registrou 912,9 mil hectares queimados entre janeiro e março, uma redução de 70% em relação ao mesmo período de 2024, quando as queimadas ultrapassaram 3 milhões de hectares.

A maior parte da área queimada se concentrou na Amazônia, responsável por 84% do total, com 774,5 mil hectares afetados. O estado de Roraima liderou o ranking estadual, somando 415,7 mil hectares queimados no trimestre, seguido pelo Pará (208,6 mil ha) e Maranhão (123,8 mil ha). 

Segundo Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e do MapBiomas Fogo, o destaque de Roraima se explica pelo seu regime climático distinto. “Enquanto boa parte do Brasil vive o período chuvoso, Roraima enfrenta sua estação seca, o que torna o estado mais vulnerável às queimadas nesse período”, pontua.

Março de 2025: queda histórica, mas alerta no Cerrado

Em março de 2025, foram registrados 106,6 mil hectares queimados, o que representa uma queda de 86% em comparação ao mesmo mês do ano passado. A Amazônia respondeu por 51% da área atingida, com 55,1 mil hectares queimados, enquanto o Cerrado foi responsável por 37,8 mil hectares.

Apesar da tendência geral de redução, o Cerrado segue sendo motivo de preocupação. O bioma teve um aumento de 12% na área queimada no trimestre em relação a 2024, e março registrou um crescimento de 80% em relação à média histórica do mês.

“Esse dado reforça a importância de estratégias específicas de prevenção e combate ao fogo para cada bioma brasileiro”, alerta Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e do MapBiomas Fogo.

Dados por bioma — janeiro a março de 2025

  • Amazônia: 774 mil hectares queimados (queda de 72%)
  • Cerrado: 91,7 mil hectares queimados (aumento de 12%)
  • Pantanal: 10,9 mil hectares (queda de 86%)
  • Mata Atlântica: 18,8 mil hectares
  • Caatinga: 10 mil hectares (queda de 8%)
  • Pampa: 6,6 mil hectares (aumento de 1.487%) 

  • Monitoramento contínuo

Desde 2019, o Monitor do Fogo realiza o mapeamento mensal das áreas queimadas no Brasil, utilizando imagens de satélite com resolução de 10 metros. A plataforma permite acompanhar em tempo quase real a extensão e a localização das áreas afetadas, sendo uma ferramenta estratégica para a gestão ambiental e o enfrentamento das mudanças climáticas.

Todos os dados, mapas e relatórios estão disponíveis publicamente no site do MapBiomas. 

Bombeiro avança em meio às chamas.
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil



COP30: jovens usam comunicação para proteger Amazônia

Iniciativas como o 'Vozes do Tapajós' mobilizam comunidades tradicionais através de redes sociais, rádio e informativos para preservação ambiental


Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte: cnnbrasil.com.br
Em:09/05/2025 

Seminário Vozes do Tapajós para a COP na Amazônia 
Projeto Saúde e Alegria

Iniciativas como o 'Vozes do Tapajós' mobilizam comunidades tradicionais através de redes sociais, rádio e informativos para preservação ambiental.

Na região amazônica, a preservação da cultura e territórios tradicionais é essencial para o futuro da floresta. Jovens locais estão utilizando redes sociais para mobilizar comunidades e promover a conservação ambiental.

O projeto ‘Vozes do Tapajós’ surge como uma coalizão que fortalece o protagonismo das comunidades tradicionais. “Uma coalizão que fortalece esse protagonismo das vozes das comunidades. A gente achou também que seria um meio para trazer as nossas narrativas, especialmente dos jovens – já que o nosso foco a juventude”, explica um dos participantes

Das ondas do rádio ás redes sociais

O ‘Vozes do Tapajós’ tem suas raízes no trabalho da ONG Saúde e Alegria, fundada em 1987. Inicialmente, a organização utilizava um barco-hospital para levar atendimento médico às comunidades isoladas, enquanto promovia intercâmbio cultural e educação sobre temas como ordenamento territorial, cidadania e energias renováveis.

Dessa iniciativa, nasceu a Rede Mocoronga de Comunicação, que integrava 16 comunidades da região. Hoje, o alcance do projeto se expandiu – chegando a mais de 30 comunidades – graças ao uso estratégico das redes sociais.

Valter Kumaruara, um dos jovens que começou no projeto ‘Saúde e Alegria’ e hoje coordena a coalizão ‘Vozes Tapajós’, destaca o poder da comunicação: “Eu enxergo a comunicação como uma ferramenta de defesa para a gente. As vezes, a gente tem só o celular pra isso”. 

Olhos na COP 30
 
o cenário global das mudanças climáticas, os jovens do 'Vozes do Tapajós' têm ambições maiores. Eles almejam sensibilizar os tomadores de decisão na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

"Esse tema do meio ambiente das mudanças climáticas impacta nossas vidas, a Amazônia está em evidência, então a gente tem que ir lá ver como que é esse, como é que é feita essa, essas negociações, como o nosso futuro está sendo tratado lá, né?", afirma Fábio Pena do 'Projeto Saúde e Alegria'.  Para o coordenador de educação e comunicação é importante ter vozes amazônicas presentes nessas discussões cruciais para o futuro da região e do planeta.




Desmatamento ameaça mais de uma centena de sítios arqueológicos no Brasil

Pesquisa, que cruzou dados de preservação ambiental com registros de patrimônio histórico, expõe a vulnerabilidade do acervo nacional 


Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte:veja.abril.com.br
Em: 29/04/2025 


Pinturas rupestres ameaçadas
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Um estudo divulgado esta semana pelo MapBiomas revela que 122 sítios arqueológicos brasileiros estão localizados em áreas que sofreram desmatamento entre 2019 e 2024. A pesquisa, que cruzou dados de preservação ambiental com registros de patrimônio histórico, expõe a vulnerabilidade do acervo arqueológico nacional diante do avanço do desmatamento em diversos biomas.

De acordo com o levantamento, os sítios arqueológicos afetados distribuem-se principalmente entre a Caatinga (29), a Mata Atlântica (31) e a Amazônia (17). O estudo demonstra que o patrimônio histórico e cultural brasileiro está diretamente ameaçado pela degradação ambiental, com impactos potencialmente irreversíveis para a preservação da memória nacional.

“O cruzamento desses dados permite evitar que o processo recente de ocupação humana cause danos ou destrua a história contida nesses espaços”, afirma Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas. Ele ressalta que os resultados já revelam padrões preocupantes sobre os vetores desse desmatamento.

A análise aponta que aproximadamente dois terços dos sítios arqueológicos afetados – 79 no total – encontram-se em áreas desmatadas para expansão da fronteira agrícola. O estudo também identificou um fenômeno regional significativo: “No Rio Grande do Norte, estão 13 dos 19 sítios arqueológicos em alertas de desmatamento relacionados à expansão de projetos de energias sustentáveis, como usinas solares ou eólicas”, detalha Rosa.

Ameaças ao patrimônio 

O paradoxo identificado pelos pesquisadores é que mesmo iniciativas consideradas ambientalmente sustentáveis, como a geração de energia renovável, podem representar ameaças ao patrimônio arqueológico quando implementadas sem o devido planejamento e fiscalização.

A cientista Marina Hirota, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e colaboradora do estudo, enfatiza a necessidade de ações imediatas. “O crescimento de atividades antrópicas ao redor dos sítios reforça a importância de políticas de conservação e gestão do patrimônio arqueológico brasileiro, especialmente frente às crescentes pressões sobre os biomas”, alerta a pesquisadora.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável pela catalogação e proteção dos sítios arqueológicos, manifestou preocupação com os resultados do estudo. Em nota, o órgão informou que está intensificando as ações de fiscalização nas áreas identificadas como críticas e que trabalha na atualização do Sistema Nacional de Patrimônio Arqueológico para integrar alertas de desmatamento.

Especialistas em arqueologia consultados pela reportagem destacam que cada sítio destruído representa uma perda irreparável de informações sobre a ocupação humana no território brasileiro, algumas datando de milhares de anos. Artefatos, pinturas rupestres e vestígios que poderiam ajudar a compreender civilizações pré-colombianas estão sendo perdidos antes mesmo de serem adequadamente estudados.

Mais grave 

O estudo do MapBiomas também avalia que a situação pode ser ainda mais grave, já que muitos sítios arqueológicos no Brasil ainda não foram oficialmente catalogados. Estimativas conservadoras sugerem que menos de 30% do potencial arqueológico nacional está devidamente identificado e registrado. 

A pesquisa recomenda a criação de “zonas de amortecimento” ao redor dos sítios arqueológicos conhecidos, com restrições mais severas contra o desmatamento. Também propõe a intensificação de parcerias entre órgãos ambientais e culturais para alinhar esforços de conservação. 

Preservar esses sítios não é apenas uma questão cultural, mas também ambiental. Geralmente, áreas de importância arqueológica coincidem com ecossistemas sensíveis e de alta biodiversidade”, explica Hirota, ressaltando a interconexão entre patrimônio histórico e natural. 

O relatório será encaminhado aos ministérios do Meio Ambiente e da Cultura, com recomendação para a inclusão dos sítios arqueológicos nos sistemas de monitoramento ambiental já existentes, como o Deter e o Prodes, operados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

(Com Agência Brasil)

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Árvore de 5,4 mil anos está ameaçada por projeto de estrada; conheça o 'Gran Abuelo', testemunha da crise do clima

A "Gran Abuelo", uma árvore de 5,4 mil anos encontrada no sul do Chile, ajuda pesquisadores a compreenderem as mudanças climáticas. Mas um projeto de rodovia agora ameaça sua existência e o ecossistema ao seu redor 

Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte:g1.globo.com
Em:30/04/2025


Árvore Gran Abuelo Chile
imagem: actu.fr
Impérios surgiram e caíram, línguas nasceram e foram esquecidas, mas a "Gran Abuelo", ou "bisavô", em português, uma árvore chilena de 5,4 mil anos, resistiu ao tempo. Após milênios, porém, ela e outras árvores de sua espécie agora estão ameaçadas por um projeto que prevê a construção de uma rodovia que cortaria a floresta onde vivem.

Jonathan Barichivich, um cientista ambiental chileno que trabalha na França, cresceu na floresta de clima úmido e temperado que hoje é protegida pelo Parque Nacional Alerce Costero, no sul do Chile. Foi lá que seu avô, Aníbal, descobriu a árvore Gran Abuelo em 1972 enquanto trabalhava como guarda florestal.

Ele conta que aquele momento mudou o curso da história da árvore e de sua família.

"Dei meus primeiros passos nesta floresta com meu avô. Ele me ensinou os nomes das plantas antes mesmo que eu soubesse ler", lembra Barichivich. "As memórias da minha infância são o combustível da minha paixão científica."

Agora, Barichivich e sua mãe, junto com uma equipe de pesquisadores, trabalham para desvendar os segredos armazenados na Gran Abuelo e em outras árvores da região. O objetivo da pesquisa é expandir o conhecimento científico sobre mudanças climáticas e encontrar novas pistas de como combatê-las.

Não apenas antiga, mas guardiã dos padrões climáticos

As árvores de alerce desta floresta, uma espécie de conífera também conhecida como cipreste da Patagônia, ou Fitzroya cupressoides, não apenas vivem mais tempo do que a maioria das plantas. Elas também são uma das espécies mais sensíveis às mudanças climáticas no mundo. 

Para determinar a idade de uma árvore, cientistas usam uma ferramenta chamada trado para extrair uma amostra do tronco e contar o número de anéis formados ao longo do tempo. Cada anel corresponde a um ano de vida.

No caso da Gran Abuelo, porém, o diâmetro do tronco é muito extenso e a árvore já perdeu parte de seu núcleo, que se deteriorou ao longo do tempo. Com isso, diferente de outras árvores milenares conhecidas, o exemplar chileno precisou contar com um modelo estatístico para projetar o número total de anéis que teria e estimar sua idade.

Por isso, há debate na comunidade científica sobre qual árvore seria a mais antiga – se a conífera chilena ou um pinheiro encontrado nas Montanhas Brancas da Califórnia, nos EUA, cujo núcleo intacto permitiu contabilizar sua idade exata, de quase 4,9 mil anos.

No entanto, a idade avançada de árvores como a Gran Abuelo permite uma reconstrução não apenas de sua idade, mas também de padrões climáticos que remontam a milhares de anos. Dados deste tipo não são facilmente coletados em outras espécies da região.

"Elas são como enciclopédias", disse Rocio Urrutia, uma cientista chilena que estuda essas árvores há décadas. Sua pesquisa com a Fitzroya ajudou a reconstruir registros de temperatura da terra de até 5.680 anos atrás.

O estudo das árvores desta espécie também permite aos cientistas medirem quanto de carbono a floresta absorve e emite. Quanto mais a árvore cresce, maior será o espaço entre cada anel. E mais crescimento significa mais captura de carbono.

Essas análises são essenciais para entender como as florestas respondem ao aquecimento global. E, mais importante, permitem criar projeções sobre se as florestas serão capazes de continuar a desacelerar o aquecimento do planeta em um futuro mais quente.

Uma nova estrada ameaça a floresta

No entanto, essas árvores centenárias estão sob ameaça. O governo chileno propõe avançar com um projeto discutido desde 2008 para reabrir uma antiga estrada madeireira que corta o Parque Nacional Alerce Costero.

Autoridades regionais querem apresentar um novo estudo de impacto ambiental para destravar o megaprojeto. Segundo o governo, a rodovia conectaria cidades e impulsionaria o turismo na região. No entanto, críticos veem a justificativa como uma cortina de fumaça.

De acordo com o Movimento pela Defesa do Alerce Costero, a estrada tem o objetivo de "extrair o lítio na Argentina, levá-lo ao Chile por via terrestre e exportá-lo pelo Oceano Pacífico", conforme indicou a plataforma chilena dedicada a causas do povo Mapuche Ad Kimvn ao lançar uma campanha contra a construção da estrada.

"Esse projeto significaria a morte imediata de 850 Lahual (Alerces) de diferentes idades e a deterioração do habitat de outros 4308", afirmou o Movimento.

Barichivich também refuta o argumento de que a rodovia seria usada para conectar municípios. Para ele, a estrada seria usada para abrir acesso ao transporte de madeira.

Segundo o pesquisador, a nova estrada ligaria diretamente ao porto de Corral, usado por um dos maiores exportadores de celulose da América Latina. As árvores de alerce presentes na região são altamente valiosas devido à sua madeira durável, de alta qualidade e de crescimento reto.

Pesquisadores como Rocio Urrutia também alertam que a estrada aumentaria o risco de incêndios florestais.

Na região, mais de 90% das queimadas começam perto de estradas. Esse é um fenômeno global. Na Amazônia, por exemplo, quase 75% dos incêndios começam a menos de cinco quilômetros de uma estrada, e nos Estados Unidos, 96% começam a menos de 800 metros.

"O alerce é uma espécie ameaçada de extinção", disse Urrutia. "Cada árvore individual conta. Um grande incêndio poderia eliminar as últimas populações."

Resistindo para salvar árvores e ecossistemas

Os cientistas recorreram à revista Science, uma das principais publicações acadêmicas do mundo, para alertar sobre o perigo.

Suas descobertas — respaldadas por anos de dados — foram condensadas em um único relatório, publicado como uma carta.

Mas, "não foi apenas uma carta," disse Urrutia. "Foram anos de pesquisa, trabalho de campo e envolvimento com a comunidade."

Isso ressoou na comunidade científica global, levando pesquisadores do mundo todo a se manifestarem. Combinado à pressão dos moradores locais, foi suficiente para fazer o governo recuar temporariamente do projeto.

Para Barichivich, também foi algo profundamente pessoal.

"Minha mãe caminha por essa floresta toda semana há anos, coletando dados. O trabalho dela se tornará o conjunto de dados contínuo mais longo desse tipo no Hemisfério Sul, fornecendo informações valiosas para cientistas de todo o mundo. Está tendo um impacto que nunca poderíamos ter imaginado."

Morador de SP planta mais de 41 mil árvores em córrego

Hélio da Silva criou uma floresta urbana na Zona Leste da capital paulista, transformando uma área degradada em um parque linear com diversidade de espécies 


Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte: cnnbrasil.com.br 
Em: 15/05/2025 


Hélio da Silva passa o dia no parque no parque Tiquatira e continua a plantar árvores
Imagem: Vitor Serrano/BBC News Brasil

Na Zona Leste de São Paulo, um aposentado transformou uma área antes degradada em uma verdadeira floresta urbana. Hélio da Silva, que se autodenomina “plantador urbano”, dedicou mais de duas décadas para plantar mais de 41 mil árvores ao redor do córrego Tiquatira, criando um oásis verde em meio ao concreto da metrópole.

O projeto, que começou em 2003, nasceu da determinação de Silva em mudar a paisagem local. “Eu já plantei 41 mil e 722 ali no parque e no entorno. Planto no parque, planto no entorno também, mas eu quero chegar a 50 mil”, afirma o aposentado, revelando sua ambiciosa meta

Diversidade e renascimento da fauna local

A iniciativa de Silva priorizou o plantio de espécies nativas, incluindo pau-brasil, araçá, amora e cambucá. O resultado desse esforço não se limita apenas à flora; a fauna local também se beneficiou significativamente. Observadores de pássaros já catalogaram 45 espécies diferentes na região, incluindo tucanos e pica-paus, onde antes quase não havia vida selvagem. “Na parte da manhã lá é uma sinfonia, é uma sinfonia de pássaros”, descreve Silva, evidenciando o impacto positivo de seu trabalho na biodiversidade local. 

De lixão a parque linear

O sucesso da iniciativa foi tão expressivo que, em 2007, a área foi transformada no primeiro parque linear da cidade de São Paulo. Com mais de 3 quilômetros de extensão ao longo do córrego Tiquatira, o espaço se tornou um importante ponto de lazer e contato com a natureza para os moradores da região.

A transformação do local não passou despercebida. Em 2021, durante a pandemia, o jornalista Márcio Gomes visitou o parque e também deixou sua contribuição, plantando um jequitibá que hoje já supera a altura do próprio Silva.


Alerta de desmatamento na Amazônia sobe 55% e acende alerta

Dados mostram crescente em abril deste ano, se comparado ao mesmo período do   ano passado. isso acorre próximo a temporada de seca e do fogo, o que acende o alerta para o governo federal. Ao longo do ano, a redução foi de apenas 1% com relação ao ano passado 


Arthur Barciela pimenta,
João Pedro Luna Sanches Santos e 
Patryk Nachpitz Wowczyk.
Fonte:g1.globo.com
Em:09/05/2025

Troncos de árvores cortadas e a floresta
Imagem: Agência Brasil

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram alta de 55% em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O aumento acontece próximo a temporada de seca e do fogo, o que acende o alerta para o governo federal.

➡️ os dados foram registrados pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), que usa imagens de satélite para monitorar a floresta e emite alertas quando há indícios de supressão da vegetação.

Nesta quinta-feira (8) o governo federal divulgou o ano de alertas, que leva em conta o período de agosto de 2023 a abril de 2024.

🔎 O resultado foi:

Abril de 2025 teve alta de 55% nos alertas para o desmatamento em relação ao mesmo mês de 2024. Foram 270 km² em abril deste ano, contra 174 km² em abril do ano passado.

No acumulado de agosto de 2024 a abril de 2025, foram 2.542 km² sob alerta. O número representa uma queda de 5% em relação ao mesmo período anterior.

Os estados com mais alertas de desmatamento em abril foram: Amazonas, Mato Grosso e Pará.

A área acumulada de alerta de desmatamento de janeiro a abril deste ano mostrou uma redução tímida de apenas 1% com relação ao ano passado.

O avanço preocupa autoridades ambientais por acontecer com a proximidade do período de estiagem, A época coincide com a temporada do fogo, quando áreas desmatadas costumam ser queimadas, causando grandes perdas.

A redução do desmatamento é uma das promessas ambientais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda antes de assumir o terceiro mandato, durante a COP-27, no Egito, Lula se comprometeu com a meta de zerar o desmate até 2030.

A porta-voz do Greenpeace, Thais Bannwart, Brasil lembra que os números são menores do que os vistos em anos anteriores, mas mostram que ainda está distante da meta do governo e que é preciso que as medidas avancem mais rapidamente.

“Os dados do Deter de abril mostram que as políticas de comando e controle de desmatamento são eficazes, porém, sozinhas, não garantirão que alcancemos a meta do desmatamento zero, meta esta que deve ser alcançada muito antes de 2030. É importante que outras ações com efeitos perenes avancem mais rapidamente para coibir o desmatamento, afirma a porta-voz do Greenpeace Brasil, Thais Bannwart.

No ano passado, depois de queimadas recordes, o governo adotou medidas e criou um comitê de crise para acompanhar a situação. Na semana passada, o STF também tomou uma decisão inédita: determinou a desapropriação de terras onde houver crime ambiental.

O governo federal informou que está acompanhando os índices e tem reforçado ações no combate ao desmatamento nos biomas brasileiros. Nesta sexta-feira, o governo federal autorizou a contratação de brigadistas federais em 17 estados. São eles: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins.